REINFFORCE Arboretums: Dispositivos sentinelas contra agentes patogénicos a nível europeu. - Instituto Europeu De Floresta Plantada
IEFC Newsletter 2021 Mars REINFFORCE Arboretums: Dispositivos sentinelas contra agentes patogénicos a nível europeu.

REINFFORCE Arboretums: Dispositivos sentinelas contra agentes patogénicos a nível europeu.

REINFFORCE Arboretums: Dispositivos sentinelas contra agentes patogénicos a nível europeu.


Entre 2011 e 2013, graças ao projeto REINFFORCE do programa Interreg Espaço Atlântico, foi criado um conjunto de 38 arboretos de 32 espécies florestais encontradas ao longo da fachada atlântica europeia (da Escócia a Portugal) provenientes de diferentes origens. O objetivo era observar o seu crescimento, fenologia e estado relativamente ao impacto que diferentes pragas e doenças poderiam ter sobre elas em diferentes climas europeus para conhecer o seu possível comportamento futuro. A ideia era, no contexto das alterações climáticas, alterar a variável tempo para a variável espaço, com base na premissa de que o clima futuro em algumas regiões europeias será semelhante ao que outras regiões do continente têm atualmente. No País Basco foram estabelecidos 5 arboretos: um em Albina (Araba), um em Irisasi (Gipuzkoa) e três em Unbemendi (Bizkaia). Entre 2018 e 2019 houve um grande surto de doenças causadas por três agentes patogénicos: Lecanosticta acicola (doença das manchas castanhas das agulhas), Dothistroma septosporum e D. pini (doença dos anéis vermelhos) em povoamentos de pinheiro Monterrey  (Pinus radiata)  e pinheiro-larício (Pinus nigra) no País Basco. Recentemente, verificou-se que alguns dos pinheiros plantados nos arboretos REINFFORCE nesta região apresentavam sintomas de desfolha e descoloração compatíveis com estas doenças. Por isso, entre 2019 e 2020 foi estudada a sensibilidade a doenças causadas por estes agentes nas diferentes espécies de pinheiros plantadas nestes  arboretos.

Nos três arboretos podem encontrar-se oito espécies de pinheiros com proveniências de entre 3 a 11 origens distintas perfazendo um total de 42 origens. Estas foram 4 origens de P. brutia Ten. (Alexandrópolis, Grécia;  Marmaris, Turquia; Touro, Turquia; var. Crimeia), 2  por P. elliottii Engelm.  (Geórgia, EUA; Louisiana, EUA), 9 por P. nigra Arnold (Cazorla Alcaraz,  Espanha;  Les Barnes Sivens, França; Sistema Ibérico Meridional, Espanha;   Slogne Vayriéres, França; subsp.  laricio VAR. córsica , haute serre pomarde sementes,  França; subsp.  salzmannii, Soria, Espanha; subsp.  laricio VAR. Calabrica, Les Barnes-Sivens ,França; subsp.  salzmannii – ES07b – Sistema Ibérico Meridional, Sur de Cuenca, Espanha), 7 por P. pinaster Ait. (Cordal de Loba, Espanha; Leiria, Portugal;  Mimizan, Landes, França; Picard, Lande Corse, França; Serrania de Cuenca, Espanha; Serra de Gredos, Espanha; Tamjout, Marrocos), 6 por P. pinea L. (Itália; Région méditerranéenne, França; Tietar e  Alberche Valleys, Espanha; Vendas Novas, Portugal; ES A – Biar – Espanha; Málaga – Espanha), 3 por P. ponderosa Douglas ex C. Lawson (Oregon,EUA; Rochosas do Sul, EUA; Califórnia Central, EUA), 8 P. sylvestris L. (ES10 – Serra de Guadarrama – Espanha; 5, Severozapadna – Eslováquia; Turquia;  Pinhal da Pedra Bela – Portugal; Escócia – Reino Unido (204);  Taborz, Polland Haute Serre – Pomar de Sementes Francesas; ES12 – Montes Universales – Espanha; Haguenau Vayriere – França) e 3 por P. taeda L. (Hardiness Zone Georgia Seed Orchard – EUA; Sul da Califórnia – EUA; Virgínia – EUA). 

As árvores foram avaliadas visualmente na primavera de 2019-2020 para registo de sintomas. Foram recolhidas amostras de aciculas procedendo-se ao isolamento sempre que possível. Foram realizadas análises moleculares em   árvores com e sem sintomas tendo sido efetuados testes de PCR (PCR, RTPCR e sequenciação) para determinar a presença de L. acicola, D. septospurum e D. pini . Um total de 113 pinheiros apresentaram sintomas de doença; 42 em Albina, 18 em Irisasi e 53 em Umbemendi. O P. ponderosa foi de longe a espécie com mais casos positivos (68%) seguido pelo P. brutia (38%), P. nigra (12%) e P. elliottii (7,7%). As espécies P. pinaster, P. pinea, P. sylvestris e P. taeda não apresentaram sintomas nos três arboretos.Das 113 árvores amostradas, 23 testaram positivo para L. acicola ou D. septosporum.

Ao contrário de resultados anteriores, não foi encontrada mais do que uma espécie patogénica a infectar uma mesmaárvore. Eugenia Iturritxa, Nebai Mesanza e Monica Hernandez relataram  a deteção de Lecanosticta acicola em Pinus brútia com origem em Alexandropolis, Grécia e VAR. Eldarica, Crimeia), sendo esta uma nova espécie hospedeira deste agente patogénico à escala global. Pela primeira vez em Espanha, o agente L. acicola foi encontrado em P. elliottii (Geórgia, EUA) e P. ponderosa (Califórnia Central, EUA). Por sua vez o agente Dothistroma septosporum foi encontrado em P. brutia (Marmaris, Turquia), P. ponderosa (Oregon, EUA) e P. nigra (Slogne Vayriéres, França). Os arboretos REINFFORCE são ferramentas valiosas, constituindo dispositivos sentinela na deteção de espécies florestais sensíveis a novos agentes patogénicos (como estudado em HOMED), bem como agentes patogénicos existentes. À luz destes resultados, é possível começar a escolher a origem das espécies florestais de interesse de modo a impedir que as doenças comprometam o seu desenvolvimento em diferentes regiões europeias.

por: Dr. Ander Arias Gonzales (NEIKER)