As florestas complexas são aquelas em que coexistem várias espécies diferentes ou em que predomina uma  única espécie mas em que cujos indivíduos se encontram  em diferentes momentos do seu desenvolvimento havendo uma renovação constante da espécie. Trata-se de florestas com maior resiliência a ameaças como as alterações climáticas ou a crise da biodiversidade que também são capazes de prestar mais e melhores serviços de ecossistemas. O objetivo do projeto europeu COMFOR-SUDOE (COMplex FORests) liderado pelo Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN-CSIC) é  promover estas florestas como alternativas resilientes e adaptadas a ameaças como a mudança global e o declínio da biodiversidade.

Até 2023, o consórcio internacional que participa no projeto trabalhará no sudoeste da Europa -Espanha, Portugal e França- para promover florestas que garantam o fornecimento de bens e serviços à sociedade rural e urbana, bem como a proteção da sua riqueza. Esta estratégia, financiada pelo Programa Interreg SUDOE da UE, ajudará a promover os serviços dos ecossistemas e a proteção da biodiversidade, bem como a assegurar uma gestão sustentável.  


“Apesar do enorme valor dos bens e serviços prestados pelas florestas mistas e irregulares da região e do facto de, em muitos casos, os benefícios de outros sistemas florestais mais simples, como as plantações regulares, aumentarem e melhorarem, ainda não conhecemos aspetos da sua dinâmica que devem ser estudados”

contextualiza o investigador e coordenador do projeto do MNCN,  Andrés Bravo-Oviedo.

“Por exemplo, é necessário aprofundar a sua capacidade de mitigação e gestão de riscos, como a prevenção de incêndios, e como estes podem afetar a  estabilidade socio ecológica destes sistemas”, continua.     

Qual é o valor de uma floresta?

Neste contexto, a Ecoacsa Biodiversity Reserve, um dos parceiros do consórcio, elaborou um relatório que oferece um compêndio prático de técnicas para avaliar os principais benefícios proporcionados pelas florestas complexas às sociedades rurais e urbanas dos países do sudoeste da Europa. Esta compilação acompanha uma lista de 68 serviços de ecossistemas prestados por estas florestas.  

Para completar este trabalho, foi também desenvolvida uma árvore de decisão para apoiar o trabalho dos decisores políticos e outros intervenientes na gestão do território. Esta ferramenta irá orientar a equipa na seleção do método de avaliação económica dos benefícios ou serviços do ecossistema prestados por florestas complexas.

“Esta é uma informação essencial para decisões melhores e mais informadas que visam promover uma gestão sustentável. O grande valor dos múltiplos benefícios que as florestas trazem é muitas vezes invisível do ponto de vista económico para os gestores do território. Por isso, é fundamental que disponham de ferramentas acessíveis e baseadas na ciência que lhes permitam valorizar o papel relevante que as florestas desempenham no desenvolvimento económico e social local”

explica David Álvarez, diretor executivo da Ecoacsa.

Ambos os documentos de acesso aberto resultam de uma consulta de peritos e de uma extensa revisão literária de 84 artigos científicos realizados em Espanha, França e Portugal sobre bens naturais (recursos naturais que fornecem bens ou serviços durante algum tempo, como biomassa ou água) e serviços de ecossistemas florestais (captura de CO2,  controlo da erosão, manutenção da biodiversidade, fornecimento de cogumelos e bagas, regulação da qualidade da água e do clima). Além disso, foram também tidas em conta outras experiências desenvolvidas na Alemanha, Dinamarca, Escócia, Estados Unidos, Finlândia, Inglaterra, Irão, Irlanda, Itália, Países Baixos, Noruega, Peru, Polónia e Suíça.

Os resultados mostram que, dos 68 benefícios ou serviços prestados pelos ecossistemas florestais complexos da região, 29 são de oferta, 16 são culturais e 23 são de regulação e/ou manutenção. Dependendo da sua adequação a cada tipo de serviço de ecossistema e à disponibilidade de dados, cada benefício tem um método mais adequado para calcular o seu valor económico, incluindo aqueles que estimam a procura – por exemplo, preços de mercado, valor contingente ou experiência de escolha – e aqueles que não estimam a procura – por exemplo custos de substituição, custos de oportunidade ou custos evitados.

Parceiros do projeto

O projeto COMFOR-SUDOE (SOE4/PA/E1012) é financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Interreg Sudoe. Os parceiros do projeto são o Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN-CSIC), Agresta Sociedade Cooperativa, o Centro Tecnológico Agrário e Alimentar (Itagra), a Reserva de Biodiversidade Ecoacsa, Institut Européen de la Forêt Cultivée (IEFC), Instituto National de Investigação  Agronomicae e Ambiental (INRAE), Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (ISA-UL), a Universidade de Oviedo y a Universidade de Valladolid.

Ligações aos materiais:

Relatório para gestores e decisores políticos sobre métodos de avaliação monetária e não monetária dos serviços ambientais nas florestas de Sudoe

https://www.comfor-sudoe.eu/wp-content/uploads/2021/09/COMFOR-deliverable-2.2.1_v1.0.pdf

Árvore de decisão de metodologias adequadas para a valorização dos serviços ambientais em florestas complexas do Sudoe 

https://www.comfor-sudoe.eu/wp-content/uploads/2021/09/COMFOR-deliverable-2.2.2_v1.0.pdf


Para mais informações www.comfor-sudoe.eu

Paz Ferrer – Comunicação (Ecoacsa)
mpferrer@ecoacsa.com Tel. 911 252 203

Hubert Cosico – Comunicação (COMFOR SUDOE)
h.cosico@iefc.net Tel. +33535385391

Xiomara Cantera – Relação Imprensa (MNCN-CSIC)
xcantera@mncn.csic.es Tel.914 111 328

Imagen por: Javier Lobón-Rovira